A Casa dos Vinte e Quatro, ou Casa da Câmara, é o nome de um conjunto de ruínas (até há poucos anos expostas aos elementos) junto do paredão de suporte do Terreiro da Sé. Essas ruínas são tudo o que resta da casa-torre onde, na Idade Média, se reuniam os homens-bons da cidade, como representantes dos seus ofícios (sapateiros, caldeireiros, torneiros etc.) no que constituiu a primitiva Câmara Municipal do Porto. Nos seus tempos áureos, a casa teria uma torre de 20 metros de altura, ameada, e porta principal virada para a Sé. Teria outras duas, para a Rua de São Sebastião, onde havia uma loja que se alugava e uns armazéns onde se guardavam as armas que a Câmara mantinha para a defesa da cidade. O primeiro piso era a sala de audiências e o segundo era a sala do senado, onde a Câmara reunia. Era uma sala totalmente decorada, com tectos pintados com anjos e santos, e por detrás da mesa grande figurava uma pintura da Virgem com o Menino, as armas régias manuelinas e São Pantaleão, primitivo padroeiro da cidade do Porto. O tecto do salão era uma cópia do tecto do salão do castelo de Lisboa, e chegou a estar ornamentado com uma pintura de São Sebastião. No mesmo piso funcionava o arquivo do cartório municipal, com as suas arcas de documentos.
A construção da casa data de meados de 1450 (o contrato entre a Câmara e o carpinteiro Gonçalo Domingues para a execução da obra de madeiramento da casa-torre data de 1445) e substituiu o “Paço de Arcos”, construção provisória em madeira, nas imediações da Sé. A vereação reuniu nesta torre desde 1485 até 1800, com um interregno entre 1539 e 1604, em que se reuniu em prédios provisórios devido ao estado ruinoso da torre, motivo que determinou também a sua saída entre 1784 e 1795, período em que foi demolido o piso superior. A Câmara viria a abandonar de vez a torre em 1805 e a torre seria arrendada a privados. Conheceu o seu fim quando, na noite de 25 de Abril de 1875, foi pasto de um incêndio que a deixou no estado em que estava até ao ano 2000, quando foi restaurada pelo arquitecto Fernando Távora.
O projecto deste autor, polémico e contestado pelos moradores, fez nascer sobre as ruínas uma estrutura em betão com placagem de granito, que tenta recriar a antiga torre e ligá-la de novo à cidade, através da construção de um miradouro de vidro. A obra, finalizada em 2002, respeitou na íntegra as ruínas e envolveu-as parcialmente, deixando uma parte a descoberto. No interior das ruínas, na parte deixada a descoberto, foi construído um pedestal de betão para a estátua de O Porto, uma alegoria que representa a própria cidade e que foi esculpida em granito, no inicio do século XIX, para embelezar a fachada de uma outra casa da Câmara, esta na Praça Nova (hoje Praça da Liberdade). Foi recolhida no jardim do Palácio de Cristal, juntamente com outros adornos desta dita casa, quando foi demolida para a construção da Avenida dos Aliados. Hoje está a ornamentar estas ruínas, de costas voltadas à cidade que representa.